quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Reino Encantado

Nesse momento há muita música na minha vida.


A semana foi intensa. Tem sido... Tive um dia chuvoso e preguicento na biblioteca do ifch ouvindo Aretha Franklin, doida pra dançar. Mas fiquei bem comportadinha, estudando...

Ao mesmo tempo, me sentia uma caipira deslumbrada com o volume de coisas legais que tem ali. Ou, sei lá, uma quase ex-aluna orgulhosa e saudosa...

Fazia um tempo que eu não saía fuçando pelas prateleiras. Minhas últimas visitas tinham sido cirúrgicas... Mas o tempo que teima em voar e no final das contas há muitas novidades.

Aquilo está que não cabe mais nada, de tanto livro.

"N" versões do Alcorão ao alcance das minhas mãos (não que eu tenha interesse, mas enfim... poderia ter), toda a parafernália sobre islamismo e assuntos afins, Nietzche em alemão, lido, pra ser recolocado na prateleira. Carros e carros de livros novos para serem catalogados.

Aqueles clássicos dos cursos introdutórios, deliciosos e divertidos. Mauss, Durkheim, Lévi-Strauss... Margaret Mead, Evans Pritchard. Ai, que saudades que deu disso tudo...

E fiquei pensando, como agora estou tão longe, o quanto este espaço é importante, precioso.

Não que agora eu esteja querendo resolver as crises de todo mundo (rs... vide post anterior), até porque eu mesma vivo em crises, várias. Mas sabe aquela de fim de tese? Pra quê tudo isso que eu fiz? Vai virar mais um livrinho só no meio daquela infinidade de coisas, aquela enormidade de possibilidades que é uma biblioteca. E a sensação de que precisaríamos de muitas outras vidas pra dar conta de ler tudo o que a gente gostaria. E de que no máximo dez pessoas vão ler aquilo que você suou tanto pra escrever, e olhe lá (apud Amores Parisienses, pra quem não viu). E, pior, depois de gastar sua juventude ali, você será muito em breve expulsa(o) do Reino Encantado Zeferino Vaz (como dizia uma professora, embora falasse da década de 70 - ainda vale, eu acho) como Adão e Eva do paraíso, embora sem a maçã (ou não... rs...).

Mas enfim. Pra essa crise, minha sensação e meu manifesto é quase religioso, devocional. Esse espaço TEM que existir. Ele é belo, é sagrado. É um oásis nesse mundo selvagem que não deixa a gente parar pra pensar nele.

Claro que a universidade que vejo hoje é outra daquela que conheci quando entrei. Beeeem diferente. Lacraram o observatório, acabaram com as festas, as disciplinas Cantina I e II (:D), a sociabilidade acadêmica foi sendo privatizada, e o Bar do Jair agradece. Porque ali não é espaço para essas vulgaridades. Criminalizam o movimento estudantil e até as barricadas na verdade nada interessante por ali acontecia. Nossa "geração" (se é que isso existe) é apática e pessimista. Sem falar na relação entre professores e alunos, que era pra ir se dissolvendo com a passagem dos anos de formação acadêmica, mas que agora virou um toma-lá-dá-cá-defende-logo-e-some-daqui, que pelamordedeus.

Ainda assim, a universidade em si é um espaço maravilhoso. Passar por ela (demoradamente... rs...) foi com certeza a melhor coisa que poderia acontecer na minha vida. Que me transformou em algo mais próximo daquilo que eu queria ser. Que eu quero...
Por isso, queridos e queridas, continuo insistindo no otimismo. Ainda que cético, e talvez por causa disso muito alienado (mea culpa)... otimismo...

Um viva ao Reino Encantado Zeferino Vaz.

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