quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Cyborging

Internerd. Um dos apelidos que, em algum momento há não muito tempo, minha irmãzinha querida me emprestou. Na época eu nem era tanto assim. Tanto como sou hoje, sem sombra de dúvida. Eu sou uma ciborgue assumida. Sem problemas existenciais. Só políticos, claro.

Para mim, o computador é como se fosse de fato uma extensão, muito significante, de mim mesma. Parte imprescindível da minha existência, do meu dia-a-dia. Eu mal abro os olhos de manhã e já vou apertando o botão que me liga ao mundo. Enquanto tomo café, abro o programa que recebe meus emails, curiosa para ver se baixa alguma novidade importante. Se alguém respondeu, se alguém escreveu, ligo o msn, vejo quem tá online. Quem ainda não acordou, ou não tá em casa, opa, fulano acabou de chegar no trabalho. Confiro as principais notícias. O jornal televisivo tá sempre atrasado pra mim.

Passo o dia todo trabalhando nele... imagina, ele concentra todo o meu trabalho dos últimos... hum... cinco, seis anos? Várias pastinhas com arquivos de texto. Algumas nem sei "onde" guardei. É mesmo um saco fazer backup.

Mas, bem, morando longe, o computador me conecta a muita gente. Amigas queridas, de hoje, ontem e de muito tempo. Voltei a saber da vida e dos amores da minha melhor amiga de infância, com quem eu já não falava frequentemente porque a vida te leva pra outros lados.

Falo mais com a minha mãe pelo msn do que falava pessoalmente ou pelo telefone quando morávamos na mesma cidade. Falo com as minhas tias, com a minha prima que está no meio de um navio no pacífico, até com a minha avó de 87 anos. Claro, quando a colocam na frente da webcam porque aí também já era pedir demais.

Fico vendo esse pessoal que já nasce com celular na mão e aprende a digitar antes de escrever à mão... não sou saudosista, não vou dizer que acho horrível: eu realmente não sei o que seria da minha vida, hoje, sem a internet.

Na real, quando penso na minha infância pelos anos 80, eu me lembro de achar um absurdo não existirem algumas coisas, como, por exemplo, o que depois se convencionou chamar telefone celular. Achava um problemão ter que esperar uma pessoa e não ter como avisá-la de alguma coisa urgente porque ela já tinha saído de casa... Ah! se eu tivesse ligado segundos antes!

Eu pressentia a necessidade de uma ferramenta de busca... um oráculo que respondesse o que se sabe sobre qualquer coisa. Eu devia ter uns oito, nove anos, estava voltando pra casa com o ônibus da escola e me lembro de a engrenagem do portão eletrônico de um prédio de apartamentos ter me intrigado profundamente. Como funcionaria esse treco? pensei... Eu me lembro perfeitamente de pensar - deveria haver uma matéria na escola chamada "conhecimentos gerais". Queria poder chegar lá amanhã bem cedo, com as minhas fivelinhas e relógio colorido, que trocava pulseira, aro, caixa, tudo, e perguntar pra professora (geralmente era professora): professora, hoje eu quero saber como funcionam os portões eletrônicos!
Pensa! Coitada da professora! Na verdade, até hoje não sei como funcionam os portões eletrônicos. O lance é que o que eu queria mesmo era o google, a wikipedia, algo do tipo.

Sim, eu nasci pronta pra internet e pro computador.
Até confesso que guardo comigo uma pontinha de orgulho por saber que eu existi enquanto eles ainda não existiam, ou, que eu testemunhei os dois mundos. Uma risadinha... como se eu compartilhasse de um segredo do qual cada vez menos pessoas saberão.... Risadinha nervosa, porque é evidente que o acesso à informação, à comunicação, à tecnologia, está longe de ser igual para todos. Como o mundo, que é desigual, injusto, cruel, etc etc. Enfim, ainda há muitas pessoas vivendo sem computador, sem internet, sem celular. Por uma série de motivos. Inclusive, talvez, porque queiram.

Bem, tudo isso pra dizer que achei uma coisa hoje na internet que eu já "esperava", como ao celular e às ferramentas de busca. Minha primeira pesquisa foi quase toda no papel. Tenho pastas, textos, anotações com canetas coloridas. Meus trabalhos de graduação foram quase todos feitos à mão. Dos que digitei e imprimi, não guardei cópia digital.

Aos poucos, como na vida, na pesquisa, eu fui sendo fagocitada pelos recursos digitais. Muito mais fácil e rápido jogar o artigo ou o autor, ou o tema, no google scholar e baixar o pdf do jstor do que fazer uma escavação arqueológica das pastas de papéis.

Mas ainda era meio complicado pra anotar coisas... organizar, guardar, coisas que quero ler depois, que não deu tempo de terminar, livros que um dia eu vou querer comprar... enfim.
A promessa é tentadora, a ver se vai funcionar. Para usuários do Firefox:

http://www.zotero.org

2 comentários:

Unknown disse...

É, Nani... caí nessa também! E não vejo mais saída!
Hoje a internet fica ligada o dia todo aqui em casa... e, assim, eu consigo me aproximar das pessoas que eu mais amo!
Que coisa bizarra, não?
Beijos!!!
(PS: desculpe o apelido... eu nem imaginava que iria ser fagocitada também!! hehe!)

Dani disse...

Imagina, querida...
Na verdade será que tem como não ser fagocitada? É quase como um buraco negro... rs.
Beijo! Saudades...