terça-feira, 29 de abril de 2008

Deadlines

terça-feira, 22 de abril de 2008

Os caminhos da vida

Se as coisas se confirmarem como eu estou prevendo, eu vou ter que começar a acreditar em destino.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Verdade e versões

Fui pega pela novela, não tem como. Não resisto a um enredo policial.
E esse bombardeio de informações sobre os detalhes do crime... as perguntas sem respostas... o apelo da tragédia, da crueldade e do sangue frio do ser que teve a capacidade de asfixiar uma criança, cortar a tela, passar o corpo dela por ali e entregá-lo à morte então, esperava-se, certa...

Descobri então hoje que o badalado casal decidiu falar com a imprensa. Escolheu, claro, a Globo, e o Fantástico. Fui assistir pela internet. São trinta e seis minutos esquisitos na sua vida. Você está sentado na sala de estar do prédio de classe média em frente àquele casal que você viu fugindo pra lá e pra cá nas fotos e matérias da imprensa.

A moça com aquela gola do casaco (supostamente) displicentemente torta porque ela está em frangalhos... um terço preso entre os dedos... recontando todas as histórias de amor, carinho e amizade com a enteada, aquelas que provocavam saudades e emoção e a faziam chorar. Chore bastante, quanto mais você conseguir, pensei no advogado a instruindo. Olhava sempre para baixo, encarando o repórter apenas quando dizia que eles são inocentes e que Deus é a única testemunha.

O rapaz, inconsistente, olhava para vários lados ao mesmo tempo, muitas vezes para alguém que estava ali ao lado, pai ou advogado ou ambos, em busca de aprovação. Discurso ensaiado, do quanto eles eram unidos, família feliz e perfeita, viviam juntos em harmonia, os filhos sempre foram tudo para eles, em suma, eles não tinham motivo para ter feito aquilo. Como se família perfeita fosse uma coisa que existisse...

Talvez eu nestas poucas linhas tenha sido mais convincente do que ele nos trinta e seis minutos. Bem mais atrapalhado, com as palavras principalmente, ou pra executar o discurso ensaiado, quase não chorou, e continuou ignorando sistematicamente as provas que a polícia teria levantado contra eles. Negando até a morte. "Desconheço, não entendo como isso pôde acontecer, é o que a gente se pergunta também".

Eu não vou julgar, claro que fui levada, como quase todo mundo, a ter praticamente certeza pelos indícios que foram defendidos pela polícia de que eles foram, realmente, os culpados. Mas tentei assistir à entrevista sem decidir para um lado ou para o outro. Confesso, fiquei muito inclinada a acreditar que eles não estão dizendo a verdade embora a sensação é de que eles estão desesperadamente tentando fazer-me acreditar no contrário.

É meio óbvio que aquilo é uma encenação. Os caras estão correndo o risco de serem linchados na rua. Mesmo que fossem culpados, não deixariam de usar aquele tempo nobre que a gigante da telecomunicação lhes oferecia para tentar reverter alguns pontos a seu favor. Afinal de contas, o julgamento popular conta demais nesse processo todo.

A gente no fundo quer acreditar que eles não seriam capazes daquela crueldade. E mais, que não seriam capazes de fazer aquilo e aparecer de cara lavada chorando e falando que amavam a Isa... a princesinha do papai...

Pra mim é isso: eu sou capaz de conceber a possibilidade de um acesso de fúria e violência como parte da natureza humana. Parte abominável, que não deveria acontecer, contra a qual a gente aprende (ou deveria aprender) a lutar com todas as forças. Mas que pode, sim, acontecer. Tanto que aconteceu. Sejam eles os assassinos ou não. Alguém foi.

Num caso desses é fácil pensar no que seria o "real". Em o que são verdades, mentiras e versões. Todo crime é assim e é por isso que Sherlock Holmes é tão sedutor. Porque ele consegue recompor perfeitamente "o que aconteceu" a partir de um estudo meticuloso e infalível dos indícios.

Bem, aconteceu que alguém esganou e jogou a menina pra janela. É fato. Ela está morta e enterrada. É real. O que o pai e a madrasta contam é uma versão: a de que não foram eles.

O que me violenta pessoalmente não é a violência e a covardia com a criança: muitas situações como essa acontecem todos os dias em vários cantos do planeta, infelizmente. O que mais me assusta é a possibilidade da figura, caso culpada, inventar uma outra versão e tentar salvar a sua pele a todo custo. É a mentira deslavada pra se safar. To try to get away with murder. É a possibilidade de a pessoa além de fazer uma coisa dessas, ainda olhar para você, e dizer que uma coisa que aconteceu não aconteceu, não.

É a dúvida.
O jogo.
A mentira.
A covardia de construir verdades convenientes para não enfrentar os próprios erros.
É essa capacidade cruel que nós temos, em maior ou menor grau, de dissimular. É o efeito Capitu no nosso coração Bentinho. E vice-versa. Para o bem e para o mal.
E contra isso, ainda, o peso de uma intuição mal resolvida, que grita nas orelhas do coração que aconteceu isso ou aquilo, mesmo sem provas.
Me faz pensar que a vida é também a arte de não se fazer enganar.

Como parece talvez ser para a Neide, figura carimbada que vem semanalmente fazer as minhas unhas e me trazer notícias desse mundo tão distante de mim que é o das Marias Bonitas da cidade. Uma história de vida incrível, qualquer hora eu conto o que der por aqui. Ela disse desde o primeiro dia que isso era coisa da madrasta. Sem um pingo de dúvida, uma convicção desconcertante de quem sabe o que a vida pode fazer com as pessoas. A ver.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Under pressure

Tenho certeza de que perdi a corrida com o tempo. Ele ganhou, desisto, não consigo acompanhá-lo, sinto muito. Estou dias, semanas, talvez meses (ai, anos??) atrasada para tudo o que eu já deveria ter terminado.

Totalmente engolida pela escada rolante que anda no sentido contrário.

Obviamente não só eu mesma, você também deve se sentir assim. E fico lembrando de ter lido tantas vezes sobre a compressão do espaço-tempo na graduação.

Alguém pára o ônibus? Que eu não quero descer... mas queria poder olhar direito a paisagem...

segunda-feira, 14 de abril de 2008

O medo do medo que dá

Era pra por a letra, com a música... porque ambas são lindas e fazem uma combinação porreta...
Mas achei esse vídeo e não resisti.


quarta-feira, 9 de abril de 2008

Elevadores e tsunamis

Algum analista de plantão por aí?

Fiz as pazes com Maria Bonita.
O que andava ruim na minha vida virou de ponta cabeça e agora tudo são flores.
Mas a noite passada tive dois pesadelos. Algumas coisas novas, mas os pesadelos recorrentes de toda a minha vida. Psicodélicos, como sempre.

Devia ser por volta de 1985, e como em todas as manhãs descíamos pelo elevador para a garagem, para que minha mãe nos levasse de carro para a escola, antes de ir para o trabalho. Não sei o que houve mas o elevador chegou ao segundo subsolo - andar inferior do prédio - e, sem abrir as portas nem parar, começou a subir novamente. Pânico. Alguém então foi apertando os botões dos primeiros andares e, não me lembro direito, mas acho que o elevador parou lá pelo terceiro ou quarto andar. Saímos sem grandes problemas e então descemos pela escada. Sem grandes danos.
Apesar deste episódio traumático, eu não tenho medo de elevadores. Entro numa boa, em qualquer um, pra qualquer andar. Nem penso nisso.

Mas o fato é que a partir desse dia eu passei a sonhar com elevadores descontrolados. rs...
Algo meio Matrix ou sei lá, Blade Runner, como se as máquinas (no caso, os elevadores) de uma hora pra outra resolvessem deixar de funcionar da forma "prevista". O repertório de rebeldias é vasto: desde o traumático desce-tudo-e-não-pára (com escalas diferenciadas de velocidade que chegam à queda livre, bem acelerada e vertiginosa), até o vôo vertical interminável para cima, chegando a galáxias e planetas distantes. :D Pelo menos meus sonhos são criativos, vai.
É assustadora a imprevisibilidade, mas eu sobrevivo. Sempre.

Dessa vez era um elevador de um prédio bem antigo, meio decadente, daqueles com porta de ferro. E o danado não subia na vertical, tinha um circuito todo sinuoso que incluía até alguns loopings no caminho. A la Playcenter. Doideira...

Mas o que me marcou nesse sonho é que ele se juntava a um outro pesadelo também recorrente.

Eu acabava de me mudar para uma cobertura, que ficava numa altura absolutamente inviável para qualquer prédio de qualquer praia brasileira. Alta até para Manhattan antes de 11 de setembro. Vertigem, again. Não bastasse o elevador psicodélico.

Chovia muito, como estava chovendo por aqui há dias atrás. E o mar, de ressaca, começou a invadir as ruas da cidade. A rua onde eu morava. A garagem do prédio. Apavorada e incrédula, eu agradecia o fato de estar vendo as coisas lá de cima, mas me desesperava com a possibilidade de uma clausura compulsória até sabe lá deus quando essa catástrofe durasse.

Bom, de tsunami eu tenho medo mesmo. Medo não, pavor.

Eu ouvi uma vez, quando criança também, que o mar da praia grande tinha chegado à avenida da praia em uma ressaca. Pronto. Dali pra frente a imagem povoava meus sonhos, pesadelos. Eu estava na casa (então) dos meus avós, a onda chegava aos poucos, de mansinho. Sempre de mansinho. Mas constante e volumosa, a água ia invadindo tudo.
Descontrole, de novo.
E pior, da "natureza".

Elevadores e tsunamis. Tecnologia e natureza, dicotomia que me persegue (ou será que sou eu que a persigo?).
O mundo que escapa da previsibilidade. A máquina que sai do controle e faz o inesperado, a imensidão desse planeta água que com um mero desequilíbrio pode devastar grande parte da população humana. Do nada. De um terremoto ou meteoro cometa o que seja. Catástrofe, caos. Me lembra que eu estou viva e que posso não estar mais. Ou pior, que as pessoas que eu amo podem não estar mais. E de uma vez.

Mas, uma querida amiga me tranquilizou: Não vai acontecer. Mas, se acontecer, você saberá o que fazer. Porque tem coração.