sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Aniversário

Hoje o Maria Bonita faz um ano... Então, vamos ao tradicional post de aniversário... rs...

Um ano... Meu prédio vizinho está pronto e não vejo mais o céu da janela do meu escritório. As cores são preto, branco e um laranja horroroso que no fim da tarde vira um espelho para a luz do sol, de dar aqueles reflexos impossíveis de olhar, sabe? Bem na minha janela. Está pronto, ready and willing, mas por algum (provavelmente breve) motivo, por enquanto ninguém o habita. E ele não canta mais para mim. Há um bom tempo, na verdade.

Descobri que eu gosto de formas de marcar o tempo. Adoraria, por exemplo, viver em um lugar em que as estações do ano são mais visíveis. As estações concentram um grande rendimento metafórico, filosófico, simbólico, enfim. Também nos forçam a movimentos interessantes. Proteger-se de um inverno rigoroso, admirar o desabrochar das flores, valorizar o sol e o calor do verão, perder-se nas cores do outono... coisas assim... Não sei, me parece, a vida fica mais sensorial.

Me pego sempre procurando os sinais que o mundo me dá das repetições, dos seus ciclos. Na ausência das nuances das meias estações (aqui só se fala em inverno e verão, e é quase só mesmo isso), comecei a prestar mais atenção na Lua.

Segunda feira, véspera de feriado estadual, fomos os três caminhar pela orla ao anoitecer. E eis que ela surge em meio às nuvens do horizonte atlântico, cheia e vermelhíssima. Tudo quase pára nessas horas. É um espetáculo, óbvio, inspirador. Lindo.

Mas gosto muito, também, da Lua Nova. Finíssima, quase sempre praticamente imperceptível, abstém-se de ser a protagonista noturna e aparece timidamente durante o dia. Não se furta da companhia do seu oposto simétrico. Adoro achá-la, o que dá sempre algum trabalho...

Se existe algo que uma bela paisagem (não vou chamar de natural) proporciona, é esse prazer estético sensorial. Para mim, esses momentos de percepção do mundo em que habito são (quase) religiosos. Fundamentais. Sinto falta, física, deles.

Há um ano resolvi enfrentar meu pânico dos blogs e orkuts da vida (e seus potenciais para a exposição pessoal, para o bem e para o mal, ou para além do bem e do mal)... e fazer o exercício de registrar algumas das minhas angústias, pensamentos, sentimentos que vinham dos meus encontros, e desencontros. Não só por estar aqui (nesta cidade). Mas também.

Olhando hoje com uma certa distância, foi verdadeiramente uma das fases mais difíceis da minha vida. Se é que existem fases, e caso tenha sido mesmo uma fase, se é que passou. Enfim. Um momento muito difícil... E da vontade de sair dele, e de fazer dele sair uma coisa bonita, por isso também o bonita no nome, e o belo na vida.

Aos amigos, amigas, queridos e queridas, leitores (silenciosos e desconhecidos ou não), meu abraço forte e saudoso, de lua cheia e começo de primavera. Uma lágrima (feliz) de cúmplice felicidade por compartilhar com vocês a existência nesse mundo misterioso e cheio de percalços. E que ele seja, sempre, para todos nós, mais bonito.

domingo, 7 de setembro de 2008

Sede

Dias azuis de sol
Noites frescas
Casas geladas

Narinas com sede
O diabo tragando o mato seco

O mesmo, que é outro
Num fim de inverno em São Paulo