quarta-feira, 3 de junho de 2009

De barriga cheia

Há semanas tenho pensado em escrever. Mas os dias têm sido intensos e a minha energia, bem limitada. Só me lembro novamente à noite, ao deitar, quando sinto um pé que não é meu empurrando o colchão... rs...

É uma série de confissões.

A primeira, imagética, e de inspiração para o que vem. É que ando de barriga cheia.



A segunda, é de que estou imensamente feliz.
Os que me conhecem sabem que desde cedo caí no papo de que poderia eventualmente haver algo de errado com a minha fertilidade. Além dos ovários policísticos, eu nasci com dois úteros grudados (transformados em "um" através de uma cirurgia "corretiva") que insistiam em sangrar para fora das trompas e causar dores abdominais insuportáveis mensalmente e, potencialmente, uma futura infertilidade.
Fato é que estar em um dos principais pólos da medicina (intervencionista) brasileira me colocou, desde sempre, a possibilidade de um dia, caso desejasse ser mãe, ter que enfrentar a impossibilidade - ou ao menos uma série de dificuldades - para a resolução da questão via "biologia". Já havia antecipadamente me preparado para a idéia de, eventualmente, um dia ter um filho - ou uma filha - não biológica.

Minha confissão é a seguinte.
No fundo, nunca tive problemas com a questão da maternidade. Acho que a relação entre pais e filhos (mães e filhas incluídas na equação) passa, realmente, por outras vias que não só a biológica e, por isso, nesse departamento tudo estava ok para mim.
O que não estava ok era que o que eu desejava, não sei se "mais", mas "além" do que os anos de convivência, dedicação e atenção que a maternidade e a paternidade envolvem, eram as sensações físicas de fazer crescer dentro de si um ser humano. Era, talvez, de um ponto de vista "teórico", a "experiência" da gestação.
As sensações da presença de um outro ser dentro de si, dessa simbiose, desse deslocamento. E, sinceramente, com todas as desculpas às pessoas que não podem por quaisquer motivos viver essa experiência, hoje posso dizer que é algo absolutamente fascinante.

Desde as primeiras sensações de que perdemos parte do controle sobre nosso próprio corpo... no meu caso, inicialmente, muita fome (mas muita mesmo) e muuuuuito sono. Sem glamourizar, às vezes é chato e ruim... mas é certamente interessante.
Num segundo momento, eu tinha mais energia e disposição... e de repente comecei a sentir umas sensaçõezinhas leves na barriga. Formiguinhas andando, risquinhos sutis, movimentos ainda distantes, intuídos, procurados... mas que me emocionaram tanto, todas as vezes que eu sentia.

Não vou exagerar de que a gestação é uma mudança radical. Há momentos no dia em que a gente se esquece da barriga. Mas, quando lembramos, é tão bom, tão maravilhoso...

Essa fase final é indiscutivelmente a mais intensa. Não só a gente sente cada movimentozinho do bebê, como sente pé na costela, mão na bexiga, solucinhos... Ele reclama e empurra se eu deito mais "pra lá", responde às minhas conversas...

Sem glamourizar, novamente. Isso tudo é muito gostoso, só isso que eu queria confessar. Às vezes quando penso que vai passar, sinto saudades antecipadas. Isso tem me feito muito feliz, tem me feito sentir emoções agradáveis.

O que me lembra da terceira e final confissão: debulhei-me em lágrimas no show em homenagem ao Robertão... rs... (ai, será que vai passar essa fase manteiga derretida?)
E amei o vestido da Hebe, branco... todo de renascença... diva total.

Enfim...
"Se chorei ou se sorri"... rs...