sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Pôr do sol

É difícil saber se exageramos ou não a intensidade das coisas...

Não sei se é meu signo, apaixonado, ou herança (não genética, que fique claro) da minha avó, mas para mim a vida tem uma intensidade gigantesca.
A cada dia que nasce, eu sinto um frio na barriga... Estou viva! Estou aqui, em mim mesma, neste lugar. Todos os dias, em algum momento, eu penso nisso.

Ok, talvez essa sensação seja mais presente e ainda mais forte porque me dou conta que estou, nesses últimos tempos, muito só. E um pouco fora daquele cotidiano que engole nosso tempo, nossos sonhos e desejos, nossos pensamentos. Estou aqui.

Mas, de qualquer forma, fico pensando se sou eu que exagero ou se são as outras pessoas que minimizam demais... rs... minha terrível mania de querer estar sempre certa...

Ontem fui caminhar com Filó pela orla e vi um entardecer maravilhoso.
As cores e a profundidade do mar, a cidade anoitecendo devagar.
Navios enormes, partindo e chegando, brilhando com a luz do sol que já não se via.
O vento decidido, que arrasta pessoas e suas velas - das mais tradicionais às high-tech-esportes -radicais - pelas águas plácidas, perfeitas, dessa que eu acho é a praia mais linda que eu já vi.

Fascinada, inundada pela intensidade do meu testemunho desse momento, neste lugar, eu sorria simplesmente. Feliz. E olhei para minha pequena companheira, que a-do-ra essas caminhadas e hoje tinha até corrido um pouco comigo (!).
E pensei, um pouco melancólica, na hora: está aí o limite entre natureza e cultura. Eu não posso pegá-la no colo e dizer: não é maravilhoso tudo isso, querida?, que ela não compreenderia. As nuances das cores, a interação vento-vela-água-prancha-humano, o sol e a lua, o "eu"...

Mas hoje, aqui, escrevendo e repensando, lembrando da sua felicidade, pura e simples, por passear, ali, comigo... e considerando a minha dificuldade em reproduzir com palavras a minha experiência de ontem - principalmente, claro, pela minha limitação poética, rs - fiquei cá com as minhas dúvidas.
Até que ponto essa percepção da intensidade da existência precisa da linguagem? que pretensão a minha...

3 comentários:

Anônimo disse...

Oi querida!
Que bonito post... eu sei que eh dificil descrever essas coisas, que parecem ser meio indiziveis mesmo. Mas da pra perceber a importancia disso pra vc!
Ah, agora a palavrinha nao eh das melhores... kcemmvft...
Mas jah peguei umas coisas que parecem nome de remedio! rs
Beijos!!

Anônimo disse...

Já sei, senhora antropóloga, antes da caminhada você estava lendo o famoso Eduardo Viveiros de Castro!
Hahaha
Brincadeirinha! Gostei do texto. Bacana! Já posso divulgar o seu blog?
Beijos e se cuida,
Janu

Dani disse...

Chris, acho que vi seu pai na TV hoje... hihihi... será?

Janu, querida, sim, no limite acho que eu estava pensando no perspectivismo. Quer dizer, talvez, se tivesse pensado mesmo, não tivesse tirado a conclusão que eu tirei, na hora... Apesar de que EVC insiste na distinção natureza e cultura...
Pode divulgar sim, pra pessoas amigas. Sou meio tímida, mas enfim... rs...

Beijinhos!